terça-feira, 11 de abril de 2017

Identificando as dificuldades psicológicas no processo de habilitação

Por "Eduardo Cadore"          Postado em          10 de abril de 2017



Enfrentamos, ao longo da nossa vida, muitas provações, testes e exames, boa parte deles decisivos para a aquisição e conquista de algum objetivo.

Quando uma pessoa busca habilitar-se pela primeira vez, passa por pelo menos 4 exames, sendo dois deles altamente influenciáveis pelas condições emocionais da pessoa: exame teórico-técnico e exame prático de direção veicular.

O primeiro, cujo objetivo é avaliar o conhecimento da legislação de trânsito, se dá através de questões de múltipla escolha, dentro de um tempo limite (no Rio Grande do Sul são 60 minutos), o qual exige um mínimo de 70% de acertos para aprovação.

Neste exame, percebe-se que o aspecto emocional surge, sobretudo na baixa auto-estima, pois alguns candidatos, sobretudo idosos e com baixa escolaridade, sentem-se incapazes de lidar com as exigências da prova, queixam-se do tempo ofertado, temem confundir-se no momento de marcar as respostas na grade oficial, dentre outros elementos que acabam aumentando o nível de ansiedade do candidato.

É verdadeira a necessidade de saber interpretar as questões, possuir o conhecimento prévio, adquirido, sobretudo no curso teórico-técnico, entretanto, percebe-se que a dúvida paira no pensamento de alguns candidatos que, pela sua história de vida, sentem-se ‘inferiores’, até mesmo ‘indignos’ de obterem a habilitação, apesar de virem, na maioria dos casos, por livre e espontânea vontade.

Cada caso deve ser analisado, porém, importante ao candidato que sente-se inferiorizado, seja por si mesmo, seja pela família ou sociedade (ou o que pensa sobre o que pode pensar a sociedade), deve ser resignificado, repensado e colocado sob novas perspectivas, sem desconsiderar as reais dificuldades, porém não dando a elas o crédito pelo fracasso.

Entretanto, é no exame de direção que os aspectos psicológicos contribuem para a reprovação do candidato. Aqui, em muitos casos, o candidato tinha as condições puramente técnicas em perfeita ordem, mas emocionalmente ainda não está devidamente empoderado da sua capacidade. O nervosismo, a ansiedade, são inerentes aos processos avaliativos em geral, mas na condução de um veículo, culturalmente temos mitos e discursos sociais que acabam aumentando a ansiedade, o medo e nervosismo durante o exame. A figura do Examinador de Trânsito, quando desvirtuada da sua real função, pode ensejar numa crença de que a função desse profissional é reprovar, e não avaliar. Muito comum a ideia de que a avaliação serve ‘pra passar’, a não como realmente um fator legal de análise das condições do candidato poder dirigir em via pública devidamente habilitado.

Outra crença irreal e que dificulta as pessoas, é o fato de que somente as 20 horas/aula, por exemplo, são suficientes. O processo de habilitação, que possui carga horária mínima, mas não máxima, é visto como uma coisa, um objeto adquirido, sendo que ao completar a carga horária mínima, mesmo com o Instrutor afirmando a necessidade de mais aulas, a maioria dos candidatos opta por fazer o exame, indo para a avaliação não preparado como deveria, reprova e acaba frustrando-se. Aliás, a baixa tolerância à frustração também é um elemento psicológico que dificulta, especialmente ao candidato que reprova quando tinha certeza de que estava pronto. Cai a casa e a pessoa sente-se frustrada, enganada, até mesmo com raiva de si, do Instrutor ou do Examinador.

Estes são alguns pontos importantes que dificultam o processo de formação e, especialmente, as avaliações. Apesar do sistema de formação necessitar ser revisto (opinião deste profissional), dentro das limitações inerentes a cada um de nós, estes pontos destacados no texto podem, num nível consciente ou até inconsciente, estar dificultando a aquisição da habilitação.

Por esse motivo e outros, é importante um acompanhamento psicoterapêutico durante o processo, na medida em que o Psicólogo, sendo especialista em trânsito, será capaz de auxiliar a pessoa/candidato nos aspectos que podem estar atrapalhando seu sucesso, sendo que se houver o engajamento seu e do profissional Psicólogo, há maiores chances de aprovação.

Procurar um psicólogo não quer dizer que você está doente, apenas de que deseja auxílio profissional para alcançar o objetivo, que neste caso, é a habilitação.

Fontes:
Profº Eduardo Cadore
Profº Ronaldo Cardoso
Autoescola online
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